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Em Chamas é explosão de angústia

  • Foto do escritor: JORGE MARIN
    JORGE MARIN
  • 9 de fev. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de fev. de 2022


Não há como analisar Em Chamas sem fazer algum tipo de referência ao revolucionário Blow-Up de Michelangelo Antonioni. Da mesma forma que o filme italiano de 1966, a obra do sul-coreano Chang-dong Lee trata de um crime que pode ter acontecido. Ou não. Além disso, um elemento-chave no enredo é a pantomima.

Após encontrar Jongsu, antigo colega de uma aldeia rural perto da fronteira com a Coreia do Norte, Haemi, que trabalha como dançarina na porta de uma loja, faz uma pantomima que captura a atenção do rapaz: ao simular a degustação de uma tangerina, sugere que ele não imagine que a fruta esteja ali, apenas esqueça que não está. Diz ela: “Se você realmente quiser comer a tangerina, sua boca vai salivar e o gosto será ótimo”.

Haemi faz uma viagem ao deserto do Kalahari para conhecer os bosquímanos, e deixa Jongsu responsável por alimentar seu gato. O animal é outro enigma do filme porque nunca é visto (ou talvez uma única vez), embora consuma a comida e encha a caixa de areia.

Quando retorna da África, Haemi está em companhia de Ben, um homem rico que mora em um grande apartamento, dirige um Porsche e tem inúmeras obras de arte. Além de ciúme, Jongsu tem uma percepção de que Ben, a quem define como um “gatsby” (referência ao romance de Scott Fitzgerald), não é uma boa pessoa.

Há uma cena belíssima em que os três se encontram em frente à pequena fazenda de Jongsu e fumam maconha, enquanto Haemi dança o ritual dos bosquímanos representando a Grande Fome, ou conhecer o significado da vida. Ben desdenha a arte da moça e revela a Jongsu que seu passatempo é incendiar estufas de áreas rurais.

Após essa cena, o filme se torna caótico, angustiante e enigmático. A direção é econômica e a calma do suposto vilão só faz aumentar o desespero. Será que estamos vendo o que desejamos ver e não o que é real? Jongsu, tomado por dúvidas, inicia uma busca paranoica por um crime que pode ou não ter ocorrido.

Parafraseando o filme italiano, o final é uma explosão (blow up) de angústia. A solução é inesperada, embora previsível. Vemos algo real, em chamas, acontecendo.

 
 
 

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