Blow-up: pretensão magnificada?
- JORGE MARIN
- 26 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de fev. de 2022
Blow-up, obra-prima de Antonioni, foi um filme absolutamente revolucionário em 1966 e, decorridos mais de 50 anos, apresenta alguns elementos indicativos daquilo que hoje chamamos de modernidade líquida.
A história, baseada num conto curto de Julio Cortázar, acompanha a vida de um fotógrafo de moda londrino. Dividindo seu trabalho entre fotos artísticas (para um livro) e ensaios com modelos reais, Thomas experimenta uma espécie de fastio pela liberação completa dos costumes, traduzida por festas psicodélicas, sexo livre e consumo de drogas.
Para um espectador do século XXI, o que choca no filme é a forma estúpida e totalmente inadequada com a qual o fotógrafo trata as mulheres: são insultadas, esculhambadas e abusadas de todas as formas. É como se o protagonista tivesse experimentado todos os prazeres possíveis e nada mais o surpreendesse ou reprimisse.
Fotografando aleatoriamente em um parque, registra o encontro de um casal, cuja natureza do relacionamento jamais saberemos. No entanto, a mulher segue Thomas até seu estúdio e tenta de todas as formas, até por sedução, obrigá-lo a entregar o rolo de filme. O fotógrafo entrega um rolo qualquer e a mulher vai embora deixando seu telefone. Falso.
A revelação das fotos mostra que um crime de assassinato pode ter ocorrido. Uma ampliação (blow-up) revela alguns detalhes que podem ser investigados pelo fotógrafo e também pela curiosa plateia: uma arma escondida e um corpo que, mais tarde, Thomas constata ainda estar no local.
Ao retornar à casa, Thomas verifica que todas as provas e negativos foram roubados. Sai a esmo pela cidade e a vista a enigmática mulher, Jane, numa fila de cinema, mas, novamente junto com os espectadores, o fotógrafo a perde de vista.
Retornando mais uma vez ao parque, onde o corpo desapareceu, Thomas é convidado, por uma trupe de estudantes fazendo pantomima, a devolver uma bola de tênis para disputarem um jogo imaginário. Quando ele devolve, ouvimos o barulho da bola. Em seguida, Thomas também desaparece.

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