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Ó pai ó: onipresente sensualidade

  • Foto do escritor: JORGE MARIN
    JORGE MARIN
  • 18 de mai. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de ago.



Ó pai ó é uma expressão característica da cidade de Salvador, na Bahia, que pode ser traduzida por “olha só isso”. E para o que se olha na tela é um desfile de estereótipos urbanos no último dia de carnaval.

No entanto, o que era para ser previsível surpreende e, através da música e da onipresente sensualidade, os personagens ganham contornos próprios, dignificam-se, e aqui e ali alçam voos sempre certeiros ainda que curtos.

Moradores de um cortiço no Largo do Pelourinho, os personagens têm uma característica comum: quando atuam no plano horizontal, são representações turísticas: o folião, a baiana, o garanhão, a transexual, a vidente dos búzios, a crente, a própria escadaria da Igreja do Bonfim.

No plano vertical, são cidadãos que sobrevivem numa sociedade desigual: o artista que não fez sucesso, a recepcionista que quer ir para a Europa, a “esposa” de europeu devolvida, o estelionatário desajeitado, o policial justiceiro trabalhando “por fora” para os comerciantes.

Embora não existam protagonismos, o pintor Roque, que é também cantor, compositor e dançarino, participa dos melhores momentos do filme, o primeiro logo no início, quando um bloco carnavalesco formado por quase todos do elenco resolve desfilar pelas ruas de um Pelourinho vazio. Expulsos do boteco da engraçada Neusão, Roque canta a belíssima “Vem meu amor” num momento verdadeiramente épico.

A segunda cena marcante, também envolvendo Roque, é uma discussão dele com o trambiqueiro Boca (que parece englobar todos os vícios do filme). Neurótico e racista, Boca resolve ofender o pintor chamando-o de “negro”, mas Roque faz um discurso apaixonado em defesa da negritude.

A única pessoa que não se alinha à normalidade sensual-carnavalesca é Dona Joana, uma evangélica que é proprietária do cortiço e que, por vingança (divina?) contra os “pecadores, macumbeiros e maconheiros”, fecha a água do prédio, deixando os moradores enlouquecidos.

No final, alegria, tristeza, tragédia e romance se confundem nas ruas inundadas pelos participantes do bloco Araketu. Em seguida, o Olodum protesta.

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