As Invasões Bárbaras: tudo passa
- JORGE MARIN
- 10 de ago. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de fev. de 2022
As Invasões Bárbaras é um filme de 2003 que trata em seus diálogos da questão de interpenetração de mundos divergentes, de falência de ideologias e de queda de impérios e pontos de vista. Não por acaso ocorre um pouco depois da tragédia das Torres Gêmeas nos Estados Unidos.
Rémy (Rémy Girard) é um professor universitário que tem uma doença terminal e está à beira da morte num caótico hospital canadense assistido unicamente pela sua ex-mulher Louise (Dorothée Berryman). Pressionada pela precariedade das condições do hospital público e pela gravidade da doença de Rémy, Louise chama o filho deles Sébastien (Stéphane Rousseau), poderoso trader de um conglomerado financeiro em Londres. Os dois não se dão bem. O filho não perdoa o pai, que deixou a família por uma vida boêmia. O pai não suporta o estilo de vida do filho, totalmente contrário às suas convicções.
No entanto, é o dinheiro do filho que vai fazer com que Rémy tenha alguma dignidade em seus momentos derradeiros. Sébastien suborna o pessoal do hospital e sindicalistas para que o pai seja instalado em um andar desocupado, contrata alguns alunos para visitá-lo, entra em contato com alguns de seus melhores amigos e contrata uma viciada em morfina para dividir os efeitos da droga com o pai.
Rémy não aceita a ideia de, em pouco tempo, não estar mais no mundo, mas, numa de suas “viagens” proporcionadas por Nathalie (Marie-Josée Croze), ela o faz compreender que o seu apego não é ao presente, mas ao seu passado.
Ao perceber o afeto do pai pela sua antiga casa à beira de um lago, Sébastien organiza um encontro de todos ao redor do pai para conversar, beber e comer. As conversas, percebe-se, são o ponto forte do filme e giram em torno da desconstrução de ilusões da juventude, de ideologias ultrapassadas e amores ridículos.
Tudo passa, e certamente o desejo de viver para sempre ou morrer uma boa morte são ilusões a mais nessa noite cheia de nostalgia. Todos viveram, talvez não tanto quanto Rémy, vidas e paixões ilusórias. Para ele, a morte chega da forma como ele finalmente desejou.

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