Rastros de Ódio: épico e belo
- JORGE MARIN
- 21 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Rastros de Ódio é um dos filmes mais épicos e belos de John Ford. A cinematografia magnífica de Winton C. Hooch já se faz presente na cena inicial do filme quando, de dentro do rancho de Aaron Edwards (Walter Coy), vemos sua esposa Martha (Dorothy Jordan) abrir a porta para a paisagem ensolarada do Texas no ano de 1868.
Pela estrada poeirenta, percebemos, como se fizéssemos parte da cena, a chegada do irmão de Aaron, Ethan (John Wayne), um soldado confederado que se gaba de nunca ter sido derrotado e que, durante três anos, se tornou um andarilho, levantando suspeitas sobre suas atividades.
Analisar o filme hoje obriga a uma reflexão sobre a cultura da época, que enxergava os índios como selvagens a serem exterminados. A postura de Ethan é totalmente racista, chegando a discriminar o jovem Martin Pawley (Jeffrey Hunter) que ele resgatou de um ataque de índios, mas que, por possuir um “oitavo de sangue comanche”, não é digno de conviver com família, segundo o veterano de guerra.
No entanto, essa postura será revista por algumas ocorrências do enredo que virão a seguir.
A grande questão do filme é uma busca incansável pela sobrinha de Ethan, Debbie (vivida na adolescência por Natalie Wood), raptada pelos índios comanches, depois de assassinarem toda a família e queimarem o rancho.
Passados cinco anos, apenas dois homens permanecem na busca, mas por motivos diferentes: Ethan pretende matar a garota, que teria se tornado presa de algum comanche, enquanto seu indesejado companheiro de jornada, o jovem Pawley quer resgatar a irmã de criação a todo custo.
Além disso, a convivência dos dois homens de personalidades tão diferentes serve para diminuir as diferenças entre ambos, e acrescentar ao velho cowboy um pouco de humanidade, além de amenizar alguns aspectos de sua mente perturbada.
Quando ocorre enfim o esperado confronto com a tribo do chefe Scar (Henry Brandon), Debbie corre em desespero do tio Ethan, que tem seu caminho barrado por Pawley. O final, surpreendente para os padrões da época, prenunciava uma nova era para os filmes de faroeste.

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