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A Baleia é o próprio peso de existir

  • Foto do escritor: JORGE MARIN
    JORGE MARIN
  • 2 de mai. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de mar. de 2024



A Baleia é um filme asfixiante e perturbador, que se passa em um ambiente com pouca luz. Um dos motivos para esse convite à angústia é a câmera do diretor de fotografia Matthew Labatique que, guiada pela mão conhecidamente autodestrutiva de Darren Aronofsky, evita a todo custo qualquer tipo de cena externa. A jornada do protagonista Charlie (Brendan Fraser) vai, no máximo até a varanda, mas jamais sai.

Na maior parte do tempo, o diretor se mantém fiel à peça de teatro de Samuel D. Hunter, não só quanto à cenografia, mas também quanto ao estilo de palco, como se assistíssemos a uma apresentação ao vivo. Por isso, a sensação vivida pelo professor de estar preso em casa e, em última instância, ao seu corpo, é vivida por todos nós no cinema.

Charlie dá aulas on-line de redação para trabalhos universitários e nenhum dos alunos conseguem vê-lo porque ele desativa a câmera do seu laptop. Logo descobrimos que o homem sempre foi grandão, mas, após o suicídio do seu amante, sua relação com a comida “saiu de controle”. As consequências são: pressão alta, arritmia cardíaca e sérias dificuldades de locomoção.

O filme se torna um exercício de cumplicidade onde compartilhamos a corporeidade de Charlie, desde sua respiração abafada e seus olhos ternos e tristes, até detalhes de sua anatomia deformada pela obesidade, que chegam a ser repugnantes.

A história de A Baleia acontece em uma semana decisiva, na qual diversas visitas acontecem para tentar mudar o destino do personagem: sua amiga e cuidadora Liz (Hong Chau), um jovem missionário chato chamado Thomas (Ty Simpkins) e sua filha Ellie — da qual Charlie se afastou — vivida com ferocidade pré-adolescente por Sadie Sink.

"Baleia" não é apenas uma metáfora para o corpo agigantado de Charlie, mas se refere a um trabalho escolar sobre Moby Dick, que o professor guarda como uma espécie de talismã. A forma como a pessoa que escreveu o texto, só revelada no final do filme, fala dos problemas do personagem Ishmael como se descrevesse a própria vida de Charlie.


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