A Carruagem Fantasma é maldição inevitável
- JORGE MARIN
- 29 de dez. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de fev.
A Carruagem Fantasma é um filme mudo de 1921 que impressiona pela sua consistência, trilha sonora, uso recorrente do flashback – uma técnica ainda recente em filmes –, além de efeitos especiais. Tomadas em dupla exposição, habilmente registradas pela cinematografia de Julius Jaenzon e pelo diretor Victor Sjöström, retratam espíritos se desprendendo dos corpos.
A história começa na véspera do Ano Novo, com a bondosa enfermeira do Exército da Salvação, irmã Edit (Astrid Holm), em seu leito de morte com pneumonia. Mesmo em seus últimos momentos, ela insiste que precisa ver David Holm (o próprio Sjöström) porque quer se assegurar de que salvou sua alma.
No cemitério da cidade, David, um homem sem escrúpulos que abandonou sua família pelo álcool, bebe com dois amigos e fala do seu companheiro Georges (Tore Svennberg) que desapareceu no dia 31 de dezembro do ano anterior. Descobrimos depois que ele na verdade morreu naquele dia e que essa ocorrência sujeita as pessoas a uma condenação.
Quem morre no último dia do ano deve conduzir a carruagem da morte pelos próximos doze meses. David descobre isso da pior maneira possível. Ao discutir com os amigos, ele acaba assassinado e é o próprio Georges, como o condutor do sinistro veículo, que lhe transfere a maldição.
Mas, antes disso, o antigo companheiro leva David a um tour por todos os erros cometidos no passado. Em uma série de flashbacks, testemunhamos todos os tormentos do bêbado à sua família, a ponto de sua mulher (Hilda Borgström) não querer continuar vivendo.
Vemos também todo o sofrimento de Edit, empenhada há um ano em salvar a alma do alcoólatra, chegando mesmo a ser infectada por ele pela doença que está a lhe tirar a vida. No último momento, face a face com o espectro que a levará ao mundo dos mortos, a salvacionista ainda tenta um último milagre.
A película macabra foi assistida por uma criança chamada Ingmar Bergman que, anos mais tarde, convidaria Sjöström para seu filme Morangos Silvestres, coincidentemente sobre a morte.

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