Ataque dos Cães é tão real quanto os papéis que representamos
- JORGE MARIN
- 20 de nov. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de ago. de 2022
Sempre que vamos ao cinema, sabemos de antemão que veremos uma história na qual atores e atrizes interpretam situações que simulam a vida real. Em Ataque dos Cães, de Jane Campion, ocorre exatamente isso, porém, o desenvolvimento dos personagens é tão perfeito, que percebemos que eles estão interpretando papéis para não revelar suas realidades, exatamente como acontece no mundo real, quando não estamos no cinema.
A história é ambientada em Montana, no norte dos EUA, em 1925, o que bastaria para não a classificar como um faroeste, embora a vocação rural da região forneça os elementos cenográficos característicos para os cowboys, aliados a paisagens belíssimas que às vezes remetem ao filme Rastros de Ódio de John Ford (de 1956), embora gravadas na Nova Zelândia.
Os quatro personagens principais do filme vão sendo introduzidos aos poucos. Entre eles, certamente Phil Burbank (Benedict Cumberbatch) é o mais emblemático: um fazendeiro machista, ele se destaca por sua crueza, além de uma habilidade incomum com a faca, para castrar os bezerros de forma rápida e impiedosa.
O irmão de Phil, George (Jesse Plemons), é o seu oposto: sempre limpo e bem vestido, é uma pessoa educada que, muitas vezes, tenta contornar as situações embaraçosas causadas pela crueza do irmão. Em uma delas, o “gordinho” vai consolar a viúva Rose Gordon (Kirsten Dunst), que está chorando depois que Phil tratou com extrema grosseria o seu filho “efeminado” Peter (Kodi Smit-McPhee),
George acaba se casando com Rose, mas Phil não aceita a união, e a entrada da mulher na casa, mesmo com o envio de Peter para a universidade, acaba se tornando um foco de tensão entre esposa e cunhado que, estranhamente, só vai terminar quando Phil decide estabelecer uma inexplicável conexão com Peter.
A reunião dos dois homens de personalidades (aparentemente) tão diferentes traz reminiscências sobre o antigo mentor de Phil, o cowboy Bronco Henry, morto há vinte anos, e do qual o vaqueiro guarda um guardanapo e uma sela. Mas a relação com Peter terá um desfecho inesperado.

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