Clube da Luta é clara profecia
- JORGE MARIN

- 21 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de ago.
Clube da Luta é um filme visceral que não pode ser analisado literalmente, como se a violência que ali se vê seja apenas a de um bando de marmanjos se esmurrando em um porão. Há, por trás do concretismo primário, uma visão crítica do consumismo como obstáculo à liberdade das pessoas.
Sem cair no proselitismo, o enredo começa com Jack (Edward Norton), chamado de Narrador – por motivos que serão vistos no final – em uma situação desconfortável. Ameaçado de morte e atordoado por um cataclismo iminente, ele começa a contar como chegou naquela situação.
Funcionário de uma fabricante de veículos, e viajando pelo país para registrar falhas em equipamentos de segurança, Jack tem um sério problema de insônia e, ao procurar um médico, este lhe diz para parar de choramingar e ir à reunião de um grupo de apoio para pacientes de câncer testicular para ver o que é o verdadeiro sofrimento. Jack faz isso e, ao interagir com esses homens castrados, consegue finalmente dormir.
Viciado em grupos de apoio, o Narrador conhece Marla Singer (Helena Bonham Carter), que também frequenta essas reuniões, porém como uma espécie de voyeur. Os dois se estranham, mas aos poucos estabelecem uma comunicação que será importante no desenrolar da história.
Mas o grande salto do enredo é uma determinada noite em que Jack retorna de uma viagem e encontra seu organizado apartamento destruído por um incêndio. Sem saber por que, ele busca abrigo na casa de Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabonete que acabara de conhecer no avião.
Durden é uma personalidade totalmente antagônica à de Jack, e o encanta com conceitos libertários. Mas também o surpreende com um pedido inusitado: “Me bata o mais forte que puder!”. Os dois acabam lutando, pessoas se aproximam, e aderem ao ritual de machos se espancando. É o início do Clube da Luta, uma organização que conduzirá a violência a níveis extremos.
Não há como não se lembrar de filmes como Laranja Mecânica, mas aqui há uma sucessão de truques e jogos de metalinguagem que tornam Clube da Luta um filme intrigante, que, além de romper com a chamada quarta parede, traz uma surpresa não percebida, mas presente em toda a narrativa desde o início.
A crítica de Clube da Luta, feita 20 anos depois, mostra o caráter profético do filme ao mostrar, em seu final, a explosão de duas torres gêmeas em Los Angeles (Century Plaza Towers), como aconteceria dois anos depois, em Nova York, no maior atentado terrorista já realizado.















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