Jojo Rabbit só quer ser um bom nazista
- JORGE MARIN
- 11 de set. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de fev.
Jojo Rabbit (Roman Griffin Davis) é um garoto de dez anos que vive na Alemanha nos anos finais da Segunda Guerra Mundial. Por isso, é compreensível e muito normal que o seu modelo a seguir seja um personagem considerado heroico pela nação alemã da época: Adolf Hitler (Taika Waititi), que é inclusive seu amigo imaginário.
Lógico que criar uma visão caricata do Führer pode ser problemático dentro de um filme atual, mas o diretor Taika Waititi conduz a narrativa de forma a superpor cenas absurdas e engraçadas com momentos sérios e de extrema violência.
Acostumados a uma visão consciente e esclarecida sobre as barbaridades do Terceiro Reich, tendemos a chamar de banalidade o tratamento dispensado ao patético Hitler quando, na verdade, é da aparente inocência do líder alemão que nasce sua força, tanto para crianças quanto para multidões infantilizadas que o idolatram como um bom companheiro.
Assim, Johannes tenta se inserir na juventude nazista, mas sua natureza pura e inocente não se adapta naturalmente à cultura de destruição do inimigo que caracteriza a ideologia da cultura dominante na época. Entretanto, o bullying é atenuado pela ambiguidade do comandante do campo de treinamento, o capitão Klenzendorf (Sam Rockwell), às vezes implacável outras, sensível.
Quando, após um acidente com uma granada, Jojo é obrigado a ficar em casa, ele faz uma descoberta que é a grande virada do filme: sua mãe Rosie (Scarlett Johansson) esconde uma judia, a jovem Elsa ((Thomasin McKenzie), em um armário do quarto do sótão.
A introdução da personagem cria sérias questões para o garoto, e gostar da moradora clandestina é a menor delas. De repente, o aspirante a nazista se torna íntimo na vida real de uma menina que ele pensa que é monstro e começa a se afastar de um monstro que ele pensa que é amigo. E, o que é pior, sem poder denunciá-la para não colocar sua mãe em risco.
Naturalmente, a história segue o seu curso e tudo o que tem que acontecer acontece. Sem as contradições que o movem, o final do filme é um tanto melancólico.

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