Tão influenciada como qualquer mulher
- JORGE MARIN
- 14 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de fev. de 2022
Uma Mulher Sob Influência é obra-prima de John Cassavetes e traz uma mulher que, de tão influenciada pelas pessoas o redor, pode ser um retrato fiel da maioria das mulheres que conhecemos. Ela não parece meio louca porque é influenciada, mas os sintomas muitas vezes são a única solução para quem quer ser o que o marido quer que ela seja.
Assim é Mabel Longhetti (Gena Rowlands), que manda os três filhos para a casa da mãe para viver uma noite de amor com o marido Nick (Peter Falk), líder de uma equipe de construção. A noitada não acontece porque eles são obrigados a fazer hora-extra à noite, mas ele "compensa" a esposa, levando toda a equipe para a casa, às sete da manhã, para que Mabel lhes prepare espaguete.
Embora privadamente, Nick e Mabel sejam um casal apaixonado, em público a coisa desanda, principalmente para ela que, ao tentar agradar a todos, protagoniza alguns episódios claramente maníacos, o que é visto com censura por Nick, que chama sua atenção, não pelo que ela poderia fazer, mas pelo que os amigos poderiam pensar dela.
Com os filhos, a coisa não é diferente: ela os ama tanto e de tal forma que se comporta como se fosse também uma criança. Ela espera a volta dos filhos da escola e sempre faz festas onde as crianças fazem o que têm vontade. Isso choca o vizinho que considera “estranho” o jeito de Mabel.
Com pressões de todos, Nick decide internar a esposa numa instituição psiquiátrica. Em sua ausência, ele cuida das crianças: em um dia que está de folga, tira os filhos da escola para praticamente obrigá-los a ir à praia com ele. Na volta, na carroceria de um caminhão, dá cerveja para eles, que dormem.aca
Quando Mabel tem alta, Nick acha que é uma boa ideia convidar algumas dezenas de amigos para recepcioná-la, mas acaba expulsando os que não são da família, fazendo um jantar com uma dezena de familiares, que igualmente resulta em mais tensão.
Ao final, as pessoas vão embora, inclusive nós, espectadores do filme. Porém, fica uma dúvida, uma angústia: o que será essa normalidade que se busca?

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